domingo, 6 de março de 2016

Hidrofibras

Alguns curativos para tratamento de feridas crônicas são constituídos de fibras não trançadas de carboximetilcelulose (CMC), habitualmente apresentadas na forma sódica: carboximetilcelulose de sódio.  Deriva da celulose e entre as fontes para sua produção adequada está o bagaço da cana de açúcar tão abundante nas usinas de açúcar e álcool.
Entre os curativos com essa característica, nossa experiência maior tem sido o AQUACEL da empresa Convatec.
Estes curativos tem uma certa semelhança com aqueles baseados em alginato. Por se tratar de um polímero sofre ativação pela umidade e tem a capacidade de absorver e capturar em sua estrutura o exsudato proveniente das feridas. São altamente hidrofílicos. Como nos alginatos as fibras de CMC se convertem numa camada de gel. Sabemos que o gel promove o ambiente úmido facilitador do desbridamento autolítico e da granulação.
Há uma conveniente diferença na interação com as feridas entre os curativos de CMC e os alginatos: esta diferença se dá na medida em que a poderosa absorção dos curativos de CMC se dá verticalmente. Não há absorção lateral, protegendo assim a pele íntegra do entorno contra a maceração e outros danos.
Entre os curativos com essa característica, nossa experiência maior tem sido o AQUACEL da empresa Convatec.
Já existem curativos combinando hidrofibras, hidrocoloides e espumas de poliuretano, com os quais ainda não tivemos nenhum contato ou experiência. Também já estão disponíveis as associações com antimicrobianos, tais como a prata (Aquacel Ag).

Indicações dos curativos de hidrofibras:
  • Controle de exsudatos médios a abundantes
  • Preenchimento de espaços mortos
Uso desaconselhado em:
  • Feridas secas
  • Feridas com escaras
  • Feridas com pouco exsudato (pode desidratar o leito)
No caso do AQUACEL convém levar em conta algumas observações:
  • deixar uma margem de pelo menos 2 cm para além dos bordos das feridas; não há nenhum problema que o curativo cubra áreas de pele sadia do entorno; não há risco de maceração.
  • dependendo do nível de exsudato e da saturação do curativo, fazer trocas a cada 3 dias. Em algumas situações favoráveis deixamos o curativo até uma semana (7 dias).
  • a capacidade de capturar o exsudato entre suas fibras, permite a utilização do AQUACEL sob terapia compressiva. Isto é relevante na medida em que mais de 70% das feridas crônicas são de origem venosa que, em sua grande maioria, exigem abordagem compressiva.