domingo, 27 de março de 2016

Terapia por Pressão Negativa - ( TPN - NPWT - Terapia à vácuo )

Em 2010 estive no Symposium on Advanced Wound Care and Wound Healing Society Meeting no Centro de Convenções do Gaylord Palms Hotel, em Orlando (EUA).
Impressiona a magnitude desses eventos. Repetem-se anualmente e conta com a presença maciça das empresas voltadas para o "mercado" de tratamento de feridas crônicas abrigadas numa gigantesca área para elas reservada. Uma visita minuciosa a cada "stand", com direito a longas explanações sobre os produtos expostos, pode tomar um dia inteiro.
Lembro que, neste evento, havia poucos expositores focados em Terapia por Pressão Negativa.
Hoje, seis anos depois, essa terapia, mesmo no Brasil, vem ocupando espaços cada vez mais ampliados em qualquer evento sobre tratamento de feridas crônicas.

O que é ?

Regra geral, trata-se de um curativo hermeticamente fechado, oclusivo, comumente de gazes ou espuma, conectado a uma bomba de sucção contínua ou intermitente.
As secreções aspiradas por esse sistema de vácuo são drenadas por um tubo coletor até um reservatório de capacidade variada.
É um método não invasivo.
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Esquema de um sistema de curativo à vácuo ou por pressão subatmósferica
Ao longo dos últimos 20 anos mais de 25 dispositivos foram aprovados pelas entidades de controle na área de saúde.
Os pacientes podem ser beneficiados por dispositivos extremamente simples até os sistemas com tecnologia muito avançadas. 
No hospital Universitário da USP (Universidade de São Paulo) o Dr. Fabio Kamamoto ensina um sistema de terapia com pressão negativa tópica de aspiração contínua em ambiente hospitalar extremamente simplificado e de baixo custo.

Na prática

Ferida por FASCIITE NECROTISANTE
Aspecto após desbridamento cirúrgico de tecidos necróticos e controle da infecção. Antes do início da terapia por pressão negativa.


Aplicação cuidadosa do curativo procurando vedar qualquer ponto de vazamento que possa impedir a formação do vácuo. 


Conexão com a bomba e o reservatório. Neste caso foi usado o sistema extriCARE da Devon Medical Products com trocas semanais e em regime ambulatorial. Podemos observar que foi mantida a terapia compressiva com sistema de multicamadas para controle do edema (conduta pouco comum para esse tipo de procedimento).


Resultado após quatro semanas.








segunda-feira, 21 de março de 2016

Pé diabético - palmilha "inteligente" para prevenir feridas e amputações.

Feridas na região plantar dos pés é muito frequente na população diabética, especialmente naqueles que têm um controle descuidado de sua enfermidade.
Essas feridas representam uma significativa perda de qualidade de vida para os seus portadores.
Entre os cuidados mais importantes, além do disciplinado controle da glicemia, estão os calçados especiais. Muito já se tem escrito sobre esse assunto mas, na prática, o relaxamento e o descuido são atitudes dominantes.
Os pesquisadores da Escola Politécnica Federal de Lausanne (École Polytechnique Fédérale de Lausanne), França, em colaboração com os Hospitais Universitários de Génève - HUV (Suiça), desenvolveram uma palmilha equipada com válvulas que respondem eletronicamente à pressão exercida sobre diferentes regiões da planta dos pés.
Desta forma, neutralizando as alterações do arco plantar decorrentes da neuropatia diabética, consegue-se minimizar os eventos que culminam com a formação das úlceras.


Informa o Dr. Zoltan Pataky, internista no HUG e iniciador do projeto: "Há atualmente muitas soluções, tais como botas de gesso ou de descarga total (mais conhecidos como TCC ou Total Contact Cast). Mas como elas são restritivas e exigem constantes adaptações, os pacientes muitas vezes relutam em adotá-las e os médicos relutam em prescreve-las. A vantagem desta palmilha seria não só aliviar a arcada plantar onde precisa, mas também, na sequência, permitir o ajuste imediato de pressão dependendo da evolução das feridas".

Segundo os pesquisadores um protótipo dessa feliz inciativa está concluído. O laboratório está agora procurando parceiros industriais para desenvolver o projeto.




Fonte: Ecole Polytechnique Fédérale de Lausanne - Actualité Médiacom

domingo, 6 de março de 2016

Hidrofibras

Alguns curativos para tratamento de feridas crônicas são constituídos de fibras não trançadas de carboximetilcelulose (CMC), habitualmente apresentadas na forma sódica: carboximetilcelulose de sódio.  Deriva da celulose e entre as fontes para sua produção adequada está o bagaço da cana de açúcar tão abundante nas usinas de açúcar e álcool.
Entre os curativos com essa característica, nossa experiência maior tem sido o AQUACEL da empresa Convatec.
Estes curativos tem uma certa semelhança com aqueles baseados em alginato. Por se tratar de um polímero sofre ativação pela umidade e tem a capacidade de absorver e capturar em sua estrutura o exsudato proveniente das feridas. São altamente hidrofílicos. Como nos alginatos as fibras de CMC se convertem numa camada de gel. Sabemos que o gel promove o ambiente úmido facilitador do desbridamento autolítico e da granulação.
Há uma conveniente diferença na interação com as feridas entre os curativos de CMC e os alginatos: esta diferença se dá na medida em que a poderosa absorção dos curativos de CMC se dá verticalmente. Não há absorção lateral, protegendo assim a pele íntegra do entorno contra a maceração e outros danos.
Entre os curativos com essa característica, nossa experiência maior tem sido o AQUACEL da empresa Convatec.
Já existem curativos combinando hidrofibras, hidrocoloides e espumas de poliuretano, com os quais ainda não tivemos nenhum contato ou experiência. Também já estão disponíveis as associações com antimicrobianos, tais como a prata (Aquacel Ag).

Indicações dos curativos de hidrofibras:
  • Controle de exsudatos médios a abundantes
  • Preenchimento de espaços mortos
Uso desaconselhado em:
  • Feridas secas
  • Feridas com escaras
  • Feridas com pouco exsudato (pode desidratar o leito)
No caso do AQUACEL convém levar em conta algumas observações:
  • deixar uma margem de pelo menos 2 cm para além dos bordos das feridas; não há nenhum problema que o curativo cubra áreas de pele sadia do entorno; não há risco de maceração.
  • dependendo do nível de exsudato e da saturação do curativo, fazer trocas a cada 3 dias. Em algumas situações favoráveis deixamos o curativo até uma semana (7 dias).
  • a capacidade de capturar o exsudato entre suas fibras, permite a utilização do AQUACEL sob terapia compressiva. Isto é relevante na medida em que mais de 70% das feridas crônicas são de origem venosa que, em sua grande maioria, exigem abordagem compressiva.