Uma vez considerada uma pandemia pela
Organização Mundial de Saúde, o que o novo coronavírus significará para os
milhões de pacientes diabéticos pelo mundo?
Instituições científicas são unânimes em
afirmar enfaticamente que os portadores de DM (Diabetes Mellitus) são os mais
vulneráveis às complicações da COVID-19. Ou seja, o risco de óbito é maior
entre os diabéticos acometidos pela nova doença.
O diabetes foi responsável por
aproximadamente 20% das admissões em unidade de terapia intensiva (UTI) de
acordo com uma análise recente em Wuhan, China.(1)
Dados mais recentes, desta feita da
Itália, revelaram que mais de dois terços das pessoas que morreram por COVID-19
tinham diabetes. (2)
Além disso o Diabetes foi
inquestionavelmente um importante fator para a gravidade e a mortalidade de
surtos anteriores de viroses evoluindo com Síndrome Respiratória Aguda Grave
(SARS). (3)
O que dizer, então, dos diabéticos que
são também portadores de feridas ou úlceras plantares?
Precisamos considerar duas observações
que parecem estar se tornando relevantes para que se possam tirar conclusões
que respondam a essa pergunta:
1.
Primeira
observação: O aumento dos níveis de citocinas
parece desempenhar importante papel na evolução desfavorável dos contaminados
pela COVID-19. Na mídia especializada estão se tornando frequentes expressões
como “tempestade hiper inflamatória” e “tempestade citocínica” na SARS (Severe
Acute Respiratory Syndrome / Síndrome Respiratória Aguda Grave) associada
ao novo coronavirus. Esse fenômeno, revelador do poderoso componente
inflamatório tecidual da doença, também estava presente em surtos globais
anteriores tais como a “gripe espanhola” e outras epidemias.
2.
Segunda
observação: Estudos vem mostrando que os
diabéticos portadores de úlceras plantares já desenvolvem alterações e aumento
dessas citocinas inflamatórias. Esse aumento das citocinas pro-inflamatórias
também está presente na neuropatia do diabético que desenvolve a osteoartropatia
de Charcot.
Portanto, mesmo sendo até o momento algo
hipotético, podemos desconfiar que essa “tempestade das citocinas” possa
significar um incremento no risco para essa população específica de pacientes.
Ou seja nos dois eventos - COVID-19 e úlcera em pé diabético - ocorrem
alterações nos níveis de citocinas que denunciam uma explosiva atividade
inflamatória.
Obviamente, na ausência ainda de
fundamentos e critérios científicos, podemos apenas concluir que os cuidados
devem ser redobrados e as observações clínicas bem documentadas para que possam
ser identificadas eventuais correlações entre essas duas situações mórbidas.
De resto, aguardar o avanço das
investigações científicas.
Leituras recomendadas:
1.
1. Zhou
F, Yu T, Du R, Fan G, Liu Y, Liu Z, Xiang J, Wang Y, Song B, Gu X, Guan L, Wei
Y, Li H, Wu X, Xu J, Tu S, Zhang Y, Chen H, Cao B. Clinical course and risk
factors for mortality of adult inpatients with COVID-19 in Wuhan, China: a
retrospective cohort study. The Lancet 2020. https://doi.org/10.1016/S0140-
6736(20)30566-3
2.
Remuzzi A, Remuzzi G. COVID-19 and
Italy: what next?. The Lancet 2020
3.
Memish ZA, Perlman S, Van Kerkhove MD,
Zumla A. Middle East respiratory syndrome. The Lancet 2020
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